Especialistas do mundo inteiro se encontram a cada quatro anos em Berlim, Alemanha, para atualizar as diretrizes internacionais para o diagnóstico e tratamento da urticária. A reunião mais recente ocorreu em dezembro de 2016, quando mais de 250 clínicos e pesquisadores discutiram os dados mais relevantes relacionados à doença. Na ocasião, são propostas e votadas as recomendações que, posteriormente, são incorporadas num documento, o Consenso Internacional. A versão atualizada dele foi publicada no início de 2018, com as modificações propostas em 2016.
Em relação ao diagnóstico das urticárias, não houve nenhuma mudança significativa. A investigação das urticárias deve ser limitada, de acordo com as informações obtidas pela história clínica. Isso quer dizer que não se deve fazer um monte de exames para encontrar a causa da urticária, porque na maior parte das vezes isso não trará nenhuma informação útil. Qualquer exame solicitado deve ser baseado numa lógica, para que o resultado obtido seja significativo.
O uso de ferramentas para avaliação da atividade e controle da urticária foram enfatizados no documento. O Teste de Controle da Urticária (UCT), Escore de Atividade da Urticária em 7 dias (UAS7), Escore de Atividade do Angioedema (AAS), e os questionários para avaliação da qualidade de vida na urticária e no angioedema são recomendados para uso na prática clínica, e todos eles estão disponíveis em língua portuguesa.
A grande novidade neste consenso se refere ao tratamento da urticária crônica. Com base em novos estudos, ficou estabelecido que a primeira escolha para o tratamento dos pacientes que não melhoram com anti-histamínicos em doses altas é o omalizumabe. E naqueles casos em que há contraindicação ao omalizumabe, ausência de resposta a esta medicação, ou impossibilidade de acesso, a escolha passa a ser a ciclosporina. O consenso ressalta que qualquer outra medicação ou forma de tratamento carece de estudos científicos que respaldem o seu uso na prática clínica.
A cada dia novos artigos e resultados de estudos são publicados e, certamente, no próximo encontro em 2020 mais novidades devem aparecer.
O artigo é de autoria do Departamento Científico de Urticária e Angioedema da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).