Inclusão é necessária, mas nem sempre é simples de entender.
Explico melhor:
A atual geração de pais e seus antecessores foi educada de uma forma diferente. Na época de meus pais, ainda existia palmatória. O ranço gerado por este equipamento medieval ainda faz alguns acreditarem que castigo físico resolve problemas, mas este é assunto para outro texto.
Quero focar na educação de exclusão que tivemos:
Ou nos adaptávamos à educação “quadrada” e padronizada que era oferecida, ou seríamos enviados para escolas ditas especiais. Só haviam dois tipos de alunos: os “quadrados” e os não -quadrados. E neste último grupo, pouco importava se fôssemos redondos, ovais ou triagulares: ser diferente era motivo suficiente para não pertencer ao primeiro grupo.
Lembrem-se:
quantas crianças com Paralisia Cerebral, Autismo ou Síndromes Genéticas estudavam na sua escola Assim enxergamos o mundo. E ter um filho com qualquer Transtorno de Desenvolvimento traz essas lembranças de forma cruel… é quase um mantra pensar que essa criança vai sofrer e ser tratada diferente.
Eu gostaria de propor um exercício simples:
Observem as crianças de hoje. O convívio com a diversidade já as faz pensar diferente, pois ser diferente faz parte. Sendo muito sincera, talvez até um ou outro educador ainda seja quadrado (sem julgamentos, afinal de contas, estes foram nossos colegas de turma), mas a verdadeira inclusão já é exercida pelos coleguinhas.
De tal forma que isso não é nem um assunto para eles, é simplesmente a realidade. Li recentemente a história de uma garotinha branca que pediu para a mãe uma boneca negra, vestida de médica.
A vendedora insistiu na troca da boneca, dizendo que havia outras mais parecidas com a criança. A resposta da menina me comove até enquanto escrevo: “a boneca é médica, e é o que quero ser quando crescer”. O preconceito continua somente nos olhos de quem vê.
Cor de pele, Dislexia, Autismo, Síndrome de Down: são só diferenças.
Dra. Camila Almeida Exposto – CRM 120857 – Neuropediatra.
Professora Afiliada em Neurologia na Faculdade de Medicina do ABC.
Mestranda em Ciências da Saúde com o projeto intitulado “Alterações da Velocidade de Crescimento em crianças e adolescentes com TDAH não relacionadas ao uso de psicoestimulantes: revisão de literatura”, orientado pela Prof. Dra. Roseli Oselka Saccardo Sarni e pelo Prof.Dr. Rubens Wajnsztejn, na Faculdade de Medicina do ABC