Febre Amarela
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sobre a doença
A febre amarela é uma doença viral potencialmente grave.
A maior parte dos infectados apresenta poucos ou nenhum sintoma, mas transmite a doença caso seja picado por um mosquito e esse mosquito pique outra pessoa, ou seja, é transmitida pela picada do mosquito infectado.
Entre os que adoecem, a enfermidade pode ser muito severa, com letalidade que varia de 30 a 60%.
Quais são os sintomas?
As primeiras manifestações são súbitas, com febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dores musculares, fadiga, fraqueza, náuseas e vômitos por cerca de três dias.
Após um breve período de bem estar (dois dias), o quadro pode melhorar ou evoluir para a forma mais grave (chamada fase toxêmica), marcada por insuficiências hepática e renal, icterícia (olhos e pele amarelados), manifestações hemorrágicas e cansaço intenso.
Transmissão da doença
Em áreas urbanas, a febre amarela é transmitida principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo da dengue. Nas áreas silvestres, os responsáveis pela transmissão são os mosquitos Haemogogus e Sabethes, o vírus também é encontrado em macacos, seus hospedeiros intermediários — ao picar o animal, o mosquito é contaminado e passa a infectar humanos.
A transmissão urbana da febre amarela desapareceu no Brasil em 1942, mas a forma silvestre é endêmica e eventualmente causa surtos e epidemias, como a que o país enfrenta desde 2017, quando a febre amarela silvestre chegou a áreas até então consideradas livres da enfermidade.
Prevenção
No Brasil estão disponíveis duas vacinas: a produzida por Bio-Manguinhos – Fiocruz, utilizada pela rede pública, e a produzida pela Sanofi Pasteur, utilizada pelos serviços privados de vacinação e eventualmente pela rede pública. Ambas são elaboradas a partir de vírus vivo atenuado, cultivado em ovo de galinha.
A vacina de Biomanguinhos apresenta em sua formulação gelatina bovina, eritromicina, canamicina, cloridrato de L-histidina, L-alanina, cloreto de sódio e água para injeção. Já a da Sanofi Pasteur contém: lactose, sorbitol, cloridrato de L-histidina, L-alanina e solução salina.
As duas têm perfis de segurança e eficácia semelhantes, estimados em mais de 95% para maiores de 2 anos.
É importante ressaltar que os estudos para o uso de doses fracionadas, recomendado apenas durante campanhas do Ministério da Saúde, em localidades e períodos bem definidos, foram realizados apenas com a vacina de Bio-Manguinhos. Não há, portanto, autorização para a administração de doses fracionadas da vacina da Sanofi Pasteur.
Esquema de doses
Pessoas a partir de 9 meses de idade.
- Crianças até 4 anos: duas doses, aos 9 meses e aos 4 anos.
- Acima de 4 anos: Não há consenso sobre a duração da proteção conferida pela vacina. De acordo com o risco epidemiológico, uma segunda dose pode ser considerada pela possibilidade de falha vacinal.
Efeitos e eventos adversos
- Manifestações gerais, como febre, dor de cabeça e muscular são os eventos mais frequentes e acontecem em cerca de 4% dos que são vacinados na primeira vez e menos de 2% nas segundas doses.
- Manifestações locais como dor na área de aplicação ocorrem em 4% dos adultos vacinados e um pouco menos em crianças pequenas. A dor dura um ou dois dias, na forma leve ou moderada.
- Reações alérgicas como erupções na pele, urticária e asma acontecem com frequência de um caso para 130 mil a 250 mil vacinados.
- Apesar de muito raros, podem acontecer eventos graves: reações alérgicas, doença neurológica (encefalite, meningite, doenças autoimunes com envolvimento do sistema nervoso central e periférico) e doença em órgãos (infecção pelo vírus vacinal causando danos semelhantes aos da doença). No Brasil, entre 2007 e 2012, a ocorrência destes eventos graves foi de 0,42 caso por cem mil vacinados.
Contraindicação
Em situações de aumento das chances de infecção pelo vírus selvagem da febre amarela, a vacinação pode ser recomendada para pessoas com algumas condições clínicas que inicialmente seriam consideradas contraindicação. Cabe a(o) médico(a) avaliar a relação risco-benefício.
- Indivíduos a partir de 60 anos não previamente vacinados: embora raro, está descrito risco aumentado de eventos adversos graves na primovacinação nesta faixa etária;
- Pessoas vivendo com HIV/Aids, assintomáticas e que apresentem o LT-CD4 ≥ 350 células/mm3. Poderá ser utilizado o último exame de LT-CD4 (independentemente da data), desde que a carga viral atual (menos de seis meses) se mantenha indetectável;
- Pessoas após término de tratamento com quimioterapia (venosa ou oral) e sem previsão de novo ciclo: administrar a vacina após três meses do término da quimioterapia;
- Pessoas que fizeram uso de medicamento anticélulas B e Fludarabina: aguardar seis meses de intervalo;
- Pessoas submetidas a transplante de células tronco hematopoiéticas: administrar a vacina a partir de 24 meses após o transplante se não houver doença do enxerto versus hospedeiro e/ou recaída da doença de base e/ou uso de imunossupressor;
- Síndrome Mieloproliferativa Crônica: administrar a vacina se padrão laboratorial for estável e com neutrófilos acima de 1500 céls/mm³;
- Síndrome Linfoproliferativa: administrar a vacina três meses após o término da quimioterapia (exceto no caso de uso de medicamento anti-células B, quando o intervalo deve ser de seis meses);
- A administração da vacina em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico ou outras doenças autoimunes deve ser avaliada com cuidado, pois pode haver imunossupressão nesses pacientes.
- Doenças hematológicas:
- Hemofilia e doenças hemorrágicas hereditárias: administrar a vacina conforme orientação do Calendário Nacional de Vacinação. Recomenda-se o uso de compressas frias antes e depois da aplicação da vacina;
- Doença Falciforme: sem uso de hidroxiureia: administrar a vacina conforme o Calendário Nacional de Vacinação; em uso de hidroxiureia: administrar a vacina somente se contagem de neutrófilos acima de 1500 céls/mm³;
Gestantes (em qualquer idade gestacional) só devem ser vacinadas se residirem ou pretenderem se deslocar para local em que ocorreu a confirmação de circulação do vírus (epizootias, casos humanos e vetores na área afetada).
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